quarta-feira, 27 de junho de 2012

Florbela

Hoje publico um texto que escrevi há cinco anos, em homenagem à magnífica Florbela Espanca. Espero que gostem. Abraços!


Florbela

Calhou entre mágoas e trabalhos
O acaso de colocar ante os meus olhos
Teus versos tristes e ricamente vários
Que apertaram minh’alma e até os ossos

Não bastasse adivinhares minha dor
Tinhas os mesmos vinte e três anos que hoje tenho
Sofreste como eu sofro o mesmo amor
E tiveste em teus amores mesmo empenho

E minhas mágoas mais leves hoje trago
Neste coração (que carrego ainda aziago)
Pois ganhei na dor companhia garantida

Que abraçando quem a vida enterrou
Com seus versos docemente acalentou
O poeta que em mim jazia já sem vida...


(15.01.2007)

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Adágio

Onde estou que não me vejo?
Em que ponto desta vida eu me perdi?
Em que buraco sujo foi cair
            O que restou de mim?

Será que foi sopro de vento,
Um tremor ou um leve rugir
O que me levou num rompante
Para longe
             Bem longe daqui?
 ...

Talvez um dia me encontre
Em tristes acordes
Que ainda não escrevi
Até lá vago por aí
                Insone

Às vezes, penso em fugir-me
Mas, Deus,
                 Para onde...?

XXX

Para os meus 0,5.π.√2 leitores, que achavam que eu havia desaparecido de vez, e, que, certamente, aguardavam ávidos por mais uma gota desse meu cinismo, trago mais um poema novinho em folha cheirando a mofo. E, por falar em Mofo, estive ontem neste bar na Lapa, o que não tem absolutamente nada a ver com o texto, mas como meus poemas costumam ter mais um quê de etílico do que de estilo, então, no fim, tudo está relacionado.

Sexo oral

Ninguém é tão profundo
Quanto possa parecer

Ninguém é tão raso
Que não se possa penetrar

Ninguém é tão claro
Que não se possa crer

Ninguém é tão líquido
Líquido, líquido
Liquido

Louvada a luz lânguida
A nos libertar
Lívida, libidinosa,
Lírica

Ah, luxuriosa e luxuosa
Língua...