quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
Confissão
escrever é minha sina, meu vício, minha única saída. Enquanto resistir o último fio grisalho de sanidade, escreverei - para todos, para ninguém. A poesia não precisa de mim - ela se escreve sozinha, sob quaisquer mãos, tintas ou mesmo no menor grão de areia. Sou eu quem precisa da poesia, porque só ela me escreve, me bebe, me pinta. Sou poeta por necessidade e um incorrigível e louvável cinismo...
sábado, 27 de agosto de 2011
Ocular
Os olhos são tudo o que existe
Se movendo rápidos
Levando tudo consigo
O tempo lento
Arrastado
Contrasta com a velocidade do mundo
A rapidez dos olhos
Que são o tudo
Que são o quê
Mundo infindo
Retinas fatigadas
Os olhos são a máquina
Fotográfica
- a máquina registradora –
São o abraço
O gesto fugaz
O traço que nos marca
Os olhos são
Lugar-comum
A alma
E sua janela de onde acena encarcerada
E encena
O que se chama vida
Até que seja libertada
Pelo pó, pelo verme, pela traça
E os olhos dormem
E sonham
Com seu amor, seu vício
A sua sina eterna:
O olhar
Mas eis que distantes
distintos
como o céu e a terra
assim jazem
intangíveis
platonicamente
cada qual encerrado
em si
em seu plano
em seu canto
a se expiarem...
21/07/2009
http://www.recantodasletras.com.br/autores/rafaelsampaio
Se movendo rápidos
Levando tudo consigo
O tempo lento
Arrastado
Contrasta com a velocidade do mundo
A rapidez dos olhos
Que são o tudo
Que são o quê
Mundo infindo
Retinas fatigadas
Os olhos são a máquina
Fotográfica
- a máquina registradora –
São o abraço
O gesto fugaz
O traço que nos marca
Os olhos são
Lugar-comum
A alma
E sua janela de onde acena encarcerada
E encena
O que se chama vida
Até que seja libertada
Pelo pó, pelo verme, pela traça
E os olhos dormem
E sonham
Com seu amor, seu vício
A sua sina eterna:
O olhar
Mas eis que distantes
distintos
como o céu e a terra
assim jazem
intangíveis
platonicamente
cada qual encerrado
em si
em seu plano
em seu canto
a se expiarem...
21/07/2009
http://www.recantodasletras.com.br/autores/rafaelsampaio
domingo, 31 de julho de 2011
Hodierno
Rasguem a velha folha de papel amarelada
Bit me bit me bit me bit me
Novos deuses, novas musas
Bite me Bite me Bite me Bite me
Emergem
Beat (me) Beat (me) Beat (me) Beat
E te devoram... vivo ou morto!
0101100101010010101101010101001010010
Bit me bit me bit me bit me
Novos deuses, novas musas
Bite me Bite me Bite me Bite me
Emergem
Beat (me) Beat (me) Beat (me) Beat
E te devoram... vivo ou morto!
0101100101010010101101010101001010010
sexta-feira, 29 de julho de 2011
Interdito
Hoje não tem poesia - e que me desculpem aqueles que gostam. Hoje, fica uma reflexão sobre o quão curioso, estranho e, à falta de uma perspectiva adequada, até aparentemente cruel, é o destino, a vida, o cosmos. Pode ser o efeito do uísque, mas quão estranho e pequeno (mesmo com estes 1,87 e 90 Kg) eu me sinto diante de um universo tão inexplicável, inexprimível e indizível em sua simplicidade. A palavra que me vem à mente é: desconcertante. Talvez essa seja a graça, o grande plano, ou como quiserem chamar - nos desconcertar a cada dia. Olho pela minha janela e vejo uma única grande estrela brilhante no céu e penso: será realmente uma estrela, será um planeta, será um belo anjo a olhar por nós? Não, não é uma estrela comum. É um acalanto em uma noite fria - uma sensação de reconforto. Não posso deixar de pensar em como tudo e todos um dia fomos um só e que de estrelas todos somos feitos e, mais ainda - estrelas foram feitas para brilhar, como aquela estrela descomunal a me olhar pela janela...
terça-feira, 26 de julho de 2011
A volta do boêmio
Eu sei, tenho sido um pai ausente para este Blog e peço desculpas aos meus 1,25 leitores. Falta tempo, mas, acreditem, não falta paixão pela poesia e pela arte. Como forma de demonstrá-la, publico um poema que escrevi hoje mesmo, durante meu expediente de trabalho:
600 ml
A poesia é água
em tempos de coca
parece simples, chata
insípida, incolor e inodora,
mas é dela,
meus caros,
de que todos somos feitos...
600 ml
A poesia é água
em tempos de coca
parece simples, chata
insípida, incolor e inodora,
mas é dela,
meus caros,
de que todos somos feitos...
terça-feira, 21 de junho de 2011
Post para nunca ser lido
Poema para nunca ser lido
No que me transformaram?
Sou só um velho clichê aposentado
no fundo de uma gaveta
Um projeto abandonado de mim mesmo
O primeiro verso inacabado
de uma epopéia moderna
Sou os olhos e os ouvidos
das ruínas de um monumento grego
olvidado
um canivete suíço enferrujado
a possível evolução
de uma espécie há muito em extinção
sou só um velho poeta
interditado
resmungado pelas ruas brancas e nuas
de uma cidade imaginária
que previsível e pateticamente
resolvi chamar:
Parnaso...
No que me transformaram?
Sou só um velho clichê aposentado
no fundo de uma gaveta
Um projeto abandonado de mim mesmo
O primeiro verso inacabado
de uma epopéia moderna
Sou os olhos e os ouvidos
das ruínas de um monumento grego
olvidado
um canivete suíço enferrujado
a possível evolução
de uma espécie há muito em extinção
sou só um velho poeta
interditado
resmungado pelas ruas brancas e nuas
de uma cidade imaginária
que previsível e pateticamente
resolvi chamar:
Parnaso...
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
Minha tristeza
Algumas pessoas lêem meus poemas e me perguntam: "Nossa, está tudo bem?"; "Por que tanta tristeza?". Outros ainda tem a gentileza irritante de dizer, com aquela sacudidela fastidiosa de cabeça: "vai ficar tudo bem...". Gostaria de esclarecer que, apesar de já ter tido, sim, como todo mundo, uma fase down, estou muito bem e feliz, obrigado. Como muito bem disse Pessoa, "O poeta é um fingidor. / Finge tão completamente / Que chega a fingir que é dor / A dor que deveras sente. /
E os que lêem o que escreve, / Na dor lida sentem bem, / Não as duas que ele teve, / Mas só a que eles não têm.". Para exemplificar, deixo este poema, que escrevi há mais ou menos três anos, e que se chama "Minha tristeza":
A minha tristeza é só
é só minha
é a sominha mesquinha
das pequenas e grandes desilusões
da minha vida
é a agulha e a linha
que costuram
a minha poesia
a minha tristeza é só
é sozinha
é pó
é poesia...
E os que lêem o que escreve, / Na dor lida sentem bem, / Não as duas que ele teve, / Mas só a que eles não têm.". Para exemplificar, deixo este poema, que escrevi há mais ou menos três anos, e que se chama "Minha tristeza":
A minha tristeza é só
é só minha
é a sominha mesquinha
das pequenas e grandes desilusões
da minha vida
é a agulha e a linha
que costuram
a minha poesia
a minha tristeza é só
é sozinha
é pó
é poesia...
quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
Poema para nunca ser lido
No que me transformaram?
Sou só um velho clichê aposentado
no fundo de uma gaveta
Um projeto abandonado de mim mesmo
O primeiro verso inacabado
de uma epopéia moderna
Sou os olhos e os ouvidos
das ruínas de um monumento grego
olvidado
um canivete suíço enferrujado
a possível evolução
de uma espécie há muito em extinção
sou só um velho poeta
interditado
resmungando pelas ruas brancas e nuas
de uma cidade imaginária
que previsível e pateticamente
resolvi chamar:
Parnaso
Sou só um velho clichê aposentado
no fundo de uma gaveta
Um projeto abandonado de mim mesmo
O primeiro verso inacabado
de uma epopéia moderna
Sou os olhos e os ouvidos
das ruínas de um monumento grego
olvidado
um canivete suíço enferrujado
a possível evolução
de uma espécie há muito em extinção
sou só um velho poeta
interditado
resmungando pelas ruas brancas e nuas
de uma cidade imaginária
que previsível e pateticamente
resolvi chamar:
Parnaso
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