quarta-feira, 10 de março de 2010

Esquizofrenia (?!)

Nunca fui muito normal e me orgulho disso. Vocês podem perceber pelo fato de eu me dedicar a escrever poesia e diferente do mundo não assistir à TV. Minha última loucura foi me meter a pintar quadros. Sempre fiz as coisas assim, por minha conta, me aventurando sozinho mesmo. Se não ficar bom, pelo menos não tenho ninguém a quem culpar ou desculpar. Minha arte é minha terapia e olha que até sai mais em conta (acredite). Se nunca ganhei nada com isso, pelo menos também nunca perdi. E isso me basta. Com vocês, deixo minha confissão:

Esquizofrenia

Reencontrei na escuridão da sala
Dois velhos fantasmas renegados
Velhos conhecidos, sim, de fato,
Mas já esquecidos, achava, superados

De modo que sentamos os três
A nos olharmos deveras intrigados
E a nos encararmos de vez em vez
Boquiabertos, totalmente estupefatos

O vento o farfalhar das folhas
a escuridão a sacolejar as cortinas
E nós três enfrentando sem sucesso
O medo sublevado em suas rotinas

As velas a falharem-me todo
O transe a me esquecer da hora
O senso a escapar ligeiro
A tanger o não, o talvez, o embora

Do coração a subir cheio
De angústias e de velhos anseios
O som rouco da voz a gritar-me muda
E a fenecer diante da vontade resoluta

De uma mão cega a quebrar-me os espelhos...

Um comentário:

  1. sasuga, rafa!!! como sempre um romântico autêntico... :)
    bem poe esse aqui! ;)

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