terça-feira, 9 de março de 2010

Abre-alas

Olá, pessoal! Sejam bem-vindos a este blog! Aqui quem vos escreve é Rafael Sampaio, poeta, músico, pintor, quer dizer, pelo menos eu tento. Neste site, espero escrever sobre tudo e sobre nada. Que me perdoem os leitores amantes da objetividade e do pragmatismo, eu passo longe disso. Carioca, mas descendente de baianos, eu quero mais é escrever na rede, porque a situação está difícil para quem escreve poesia. Mas ainda há gente que gosta de poesia neste mundo. Para provar estão aí todos os meus - dois - leitores. Para vocês, eu deixo um poema novinho em folha:

Samba de dar dó (Samba di dá dó)

Ando meio para baixo
Sem palavras
Sem nada

Eu que caminhei sobre as nuvens
Hoje me escondo sob o capacho

Sou Ícaro com a pele tostada
Sou o pássaro louco dos trópicos
De outros ares
Outros sonhos e vôos

Jogo as palavras fora
Meu tempo é perdido
é outro
é ouro
de um tolo

Sou dois sem par
Um deus sem altar
Templo do ócio

Sou eu sem lugar
Sem guia
Sou sem estar
ópio

O meu amor não se compra
Minha mente não se vende
Não me encontro em qualquer esquina
Cobra não se cria:
se mata

minha cor é meu luxo
a minha mentira é doce
como as tardes ao sul do equador

minha língua é minha pátria
é mátria
é solta como as mulatas
e me inventa e me arrasta
jogando os quadris
farta

meu sangue ferve
me afoga
e meu corpo todo samba
arfa
numa nota dó
e eu me equilibro bamba
numa perna só

que tom me pinta seco e áspero?
sim é dó
é dose
de cachaça branca, pura
como as virgens pálidas
do lado de lá

A lei aqui é outra
O tambor come solto
No terreiro
Aqui batuque se come
Com farinha

Ando meio para baixo
Do equador
E não escondo

Sim, meu vôo é baixo
Minha palavra é pouca e curta
Mas meu samba
É um quadro com todas as cores do mundo...


Rafael Sampaio
10/03/2010

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